preconceito.

Sou advogado, me chamo Matheus Moar e tenho 35 anos. Além disso, e outras coisas, eu sou negro. Meu apelido é como vocês devem imaginar: negão! Não posso usar uma roupa escura que já começam as piadinhas, uma mais criativa que a outra, até acho graça, serio mesmo! Agora, irei contar um pouco de minha história.

Eu nasci em uma família pobre em um bairro qualquer. Quando criança, inocente, eu brincava na rua como qualquer outra, mas enquanto eu crescia menos inocente eu ficava e começava a entender o mundo. Percebi que eu poderia não ser diferente, mas sim me igualar as outras pessoas, em programas de tv eu reparava os modos e costumes de pessoas com uma educação superior, as vezes ia no shopping para reparar e achava aquilo tão bonito. Eu queria vestir-me como eles, falar como eles, ser como eles.

Então, me empenhei a estudar, diferente de meus amigos de infância, aprendi a usar palavras como obrigado, por favor, licença e todas as demais, ao invés de gírias e dialetos. Gostava de me vestir de maneira casual, com camiseta polo e calças jeans, sempre de banho tomado e com um odor invejável. Meus amigos começaram a me esculachar, tiravam "sarro" de mim e eu virei motivo de piada de muitos, me chamaram até de "branquelo" diversas vezes.

Com muito empenho, consegui entrar na universidade, naquela época as escolas publicas eram boas! Era um dos poucos negros na faculdade e descobri uma coisa, eu nunca fui indiferente perante a todos e acho que o maior erro da população negra é se achar diferente das demais pessoas, todos somos iguais e eu tenho que saber disso, não conscientizar o mundo, era meus fatos que faziam eu ser quem eu era.

Formado, conheci Yane, uma chinesa linda por qual me apaixonei e tive uma filha. Hoje, sou advogado e muito feliz, meus amigos brincam comigo e eu com eles, chamo o gordo de bola, o magro de vareta, o forte de bombado e o branquinho de alemão. Muitas vezes, com eles, ouvi comentários: "Odeio esses pretos que fazem essas coisas" ou "Tinha que ser preto!". Nunca achei uma ofensa, afinal haviam pessoas que faziam aquilo eram brancos, mas como a grande maioria era da raça negra foi uma forma de generalizar. Mas, vou contar o dia realmente que eu fiquei ofendido.

Foi quando eu descobri que existe leis para proteger o negro de racismo e bolsas nas universidades para pessoas negras, mas porque isso? Isso sim foi um grande insulto a minha raça, colocando nós como indiferentes perante eles, em uma posição inferior. Negros, não são diferentes, temos capacidades mentais e fisiológicas ótimas tão quanto qualquer outro ser humano, aceitar uma barbaridade dessas, ainda abaixando a cabeça e agradecendo. Sim, negro, agradeça pela caridade dos outros, pois assim você acaba perdendo sua dignidade, assim realmente gerando um grande preconceito e taxando vocês como incompetentes.

Felippe Fiori Santos Ferreira de Aquino.

ps: Antes de fazer comentários extremistas, leiam direito o texto, obrigado!