terça-feira, 3 de abril de 2007

conto da Mariana




As pessoas são padronizadas e não percebem. Existem diversos padrões, de pequeno e grande porte, e isso é fácil perceber, diariamente todos querem colocar algo na sua cabeça, acredito que as pessoas já não conseguem mais distinguir o que é bom e o que é ruim, sem alguém dizer para elas. Para demonstra-lhes melhor o que quero dizer, ai vem mais um pequeno conto de autoria própria:


Mariana acorda em seu quarto rosa, apesar de adorar vermelho. Antes de ir para a faculdade, passa horas no banheiro tomando banho e arrumando seu “inédito” cabelo tingido de loiro paisagem com sua escova progressiva. Na cozinha toma seu café com aveias e iogurte sem gosto, querendo muito tomar aquele chocolate quente, lendo sua revista sobre fofocas para ter assunto durante o dia, repara em seu horóscopo que diz como ela deve se sentir e sai de sua casa. Quando se aproxima da faculdade, tira o seu cd favorito dos titãs e coloca um cd de psy em uma altura insuportável. Chega em sua classe do quinto semestre de direito, curso no qual já não suporta mais estudar e inveja todos aqueles que estudam matemática, curso que ela sempre sonhou em fazer.


Vestida com uma saia curta na qual não se sente bem e um sapato lindo que machuca seu pé, Mariana começa a conversar com seus amigos que só falam de moda, carro e drogas. Para não se sentir excluída, Mariana fuma cigarro apesar de nem saber por que faz isso e toma ecstasy nas baladas. Falando de baldas, antes Mariana era uma típica baladeira de plantão, casa noturnas era com ela mesma, ai foi para o reggae e se entregou para Jah, agora é “ravera” e sente a ligação entre a musica e a natureza. Mas, no fundo, Mariana só queria curtir um teatro e tomar uma cerveja em um barzinho.


Porém seu namorado, o Paulão, não gosta muito desse tipo de programa. Alias Paulão além de ser um bípede, possui uma massa cefálica zero km. Moreno, 1,90m, 75kg, olhos azuis e com diversos comprimidos que ele jura que só são proteínas. Tudo que qualquer menina do grupo de Mariana aceita, é o padrão delas, caso for diferente disso já rola um certo preconceito. Paulão, nunca foi muito carinhoso e nem para mentir ele servia, um pseudo-playboy que gastava todo dinheiro que seu pai havia poupado para faculdade, afinal o custo de manter um carro e baladas não é tão simples assim. Mariana sabia que era traída com qualquer outra mocinha, mas nunca deu tanta importância, pois Mariana sempre teve Rodrigo.


Rodrigo, amigo de infância de Mariana cresceram juntos até chegarem à faculdade, ele optou por fazer o que desejava e ela resolveu fazer algum dos cursos que rotulasse ela com algo que tivesse ar de superior, “poder”. Por sua vez, Rodrigo sempre ajudou e ficou do lado de Mariana, no qual ela ama muito, mas sabe que suas amigas não iriam aceitar Rodrigo, por ser pardo, pobre e gordo.


Mariana acumula dp’s na faculdade por ter dificuldade em estudar o que não gosta. Mas o que importa é que já é quase quinta feira, dia de Mariana sair com Paulão e a turma em algum lugar típico, aonde ela vai ter que beber whisky com redbull, desejando muito somente tomar aquela coca cola gelada.


Mariana se engana achando que realmente é feliz, mas sabendo dentro dela que aquilo não é o que ela quer, o tempo passa e Mariana fica cada vez mais desiludida, mas hoje já não pode lutar contra, deixa a vida acontecer, deixa o tempo rolar, afinal, a coluna na revista preferida de suas amigas, já dizia: As coisas vão mudar, o amor vai melhorar e sua vida é feliz assim.

Felippe Fiori dos Santos Ferreira de Aquino


Imagem: Liberte-se do seu falso eu.

13 comentários:

Anônimo disse...

ADOREI... mto perfeito td q vc escreveu...
adoro mto!
bjo

Unknown disse...

é né...acho q eu conheco mtas marianass!!!
Achei muito legal pq tudo o q vc escreveu é muito verdade! Muitas pessoas são padronizadas (como vc disse) e não percebem!
No fundo acho que todos nós somos um pouco assim pra tentar de alguma forma ser aceito na socidade idiota que vivemos!
=/

;*

Unknown disse...

Ahhhhhhh!
esqueci de fala que adorei a imagem!!
Mto a v com o conto!
tipo "se mata!" iahaihaihaihaia

André Martins disse...

Ao contrário do comentário de cima, eu acho, acho não, tenho certeza que essas pessoas sabem muito bem que são padronizadas, mas como a massa cefálica é 0km (melhor definição que eu já ouvi!), não podem lutar contra a burrice do "fordismo" pop!

E as piadas do meu blog, algumas saem da minha cabeça, outras eu recebo por e-mail, meu pai conta (piadero de plantão!)...

Brena Braz disse...

Pois é... esses malditos padrões... já escrevi sobre isso também e acho que muito ainda precisar ser escrito.
Banaca, querido!
Beijos

caracol menina ~° disse...

Excelente! Mariana é só uma figurinha entre tantas de um álbum.
Todo mundo, acho, conhece uma Mariana...
A vida virou um padrão publicitário de muitos reality shows, alienações e coisas super instantâneas. ´
Enquanto que o planeta não está nas melhores condições e quem deveria se preocupar, não tá nem aí.

É, estamos perdidos... TODOS!

Anônimo disse...

apesar da mariana ter sido muito riticada por aqui, acho que no fundo todo mundo se identifica com um pedacinho da Mariana, seja em qualquer aspecto da vida.
gostei muito do texto fe!
:*

Mulézinha disse...

caramba, vc conseguiu falar nesse conto tdo q eu sinto das pessoas a minha volta...
do sapato apertado, do whisky com red bull*, da música eletrônica, do namorado bombado, da aceitação das drogas, etc.
eu, mesmo com meus poucos 18 anos sei bem ver exatamente isso.

e ah! meu nome é Aurora =)

Walter Carrilho disse...

Rapaize, brigadão pela correção. Era a testosterona subindo à cabeça, acho. Que vergonha, meu Deus...

Ps: revelador o texto.

Iuri Botão disse...

Fantástico cara!
Conheço várias Marianas por aí, e tenho vários amigos Rodrigos também, aqueles que amam Marianas, sabem que elas não podem viver sem eles e vão pra onde elas forem apesar de saberem que mesmo amados eles nunca terão a chance de tomar o lugar do "gostosão pop" que "pega" o amor da vida deles.
Quer me sugerir um tema pra escrever?
uHAUSHiuas
abraço

Rafael Mauricio Menshhein disse...

As pessoas criaram os padrões para que pudessem se sentir aceitas, fazer parte de algo maior, se destacar em meio aos outros.
Com isso a pessoa esquece quem é, deixa-se levar pelo "manual" e deixa de viver livremente.
Até já acabei escrevendo sobre essa coisa de padrão no blog do 360°, sei que também já fiz parte e ainda farei, mais cedo ou mais tarde de algum padrão, talvez não por vontade própria, mas por imposição das pessoas que acham que ter amigos de verdade é ser de um grupinho e isto acaba virando, na cabeça dos outros, mais um padrão.

Silêncio de Chumbo disse...

Algumas pessoas tentam, mesmo que aleatoriamente, se encaixar em algum padrão , pra serem aceitas naquela comunidade...
Isso é meio que um instinto animal....
Infelizmente conheci uma Mariana que esperava ser diferente das outras, e depois de seis anos percebi que tava me enganando...

Ótimo texto!

Anônimo disse...

Foi o melhor post de todos, me tocou profundamente..